quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Diagnóstico sobre violência doméstica em São Filipe apresenta dados preocupantes


O diagnóstico realizado pelo gabinete de aconselhamento às vítimas de violência doméstica, “Vidactiva”, em São Filipe, revela que, num universo de 30 mulheres dos bairros da Achada de São Filipe, Congresso e Beltches, 57 por cento dizem ter sido vítimas de violência doméstica. O estudo revela ainda que 43% são agredidas diariamente.
A apresentação do resultados acontece hoje, sexta-feira, a partir das 16h00, na sala de reuniões da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Para a socióloga e apresentadora do estudo, também membro do gabinete de aconselhamento às vítimas de violência doméstica, “Vidactiva”, Lia Medina, os números apresentados mostram uma realidade preocupante.
A amostra é constituída por 30 mulheres, com idades compreendidas entre os 19 e os 45 anos, sendo a idade média os 30 anos. A grande maioria das participantes no inquérito são mulheres solteiras ou a viverem em situação de união de facto (cerca de 86%) e 10% são casadas, conforme o estudo.
A agressão física mais comum são os socos - em 36% dos casos é a única forma de agressão - nos outros casos surge aliada a outros métodos. Cinquenta e seis por cento das mulheres responsabiliza o álcool pelas agressões, contudo apenas 21% responsabilizou apenas o álcool. Das agredidas, 57% apresentaram queixa na polícia.
As mulheres mais sujeitas à violência domestica vivem ou habitam maioritariamente em Beltches e Congresso, e têm idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos, geralmente são solteiras, e não possuem mais do que o ensino primário.
O estudo revela ainda que as mulheres são vítimas de violência, verbal, psicológica e física. A violência física é mais frequente e os motivos mais comuns são o álcool, ciúmes e a suspeita de traição. Geralmente, nestes casos, as mulheres procuraram soluções junto dos familiares, nos médicos e na polícia.
O estudo deixa como recomendações que as mulheres desempregadas criem o seu próprio emprego, através de acções de formação em diversas áreas, bem como de acesso ao micro-crédito, já que trabalhar melhora a auto-estima das vítimas.
O inquérito, realizado nos três bairros da cidade - Achada São Filipe, Congresso e Beltches - faculta dados sobre o grau de escolaridade destas mulheres, mostrando que cerca de 60% apenas têm a escolaridade primária. Cerca de 70% destas mulheres abandonou os seus estudos, e uma afirmou mesmo nunca ter frequentado a escola.
Cerca de 60% das mulheres declararam estar desempregadas ou financeiramente dependentes de terceiros.
O inquérito foi realizado nos meses de Novembro/Dezembro, nas periferias da cidade de São Filipe. Além da violência doméstica, o estudo fez um quadro da situação do consumo de álcool, vida sexual reprodutiva e aspectos socio-económicos das mulheres desta cidade.

Nicolau Centeio
in asemanaonline

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